quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Trompa Do Meu Irmão

Cresci ouvindo meu irmão mais velho praticando sua trompa. Dia após dia, ano após ano, o som de
sua trompa soava pela casa. Eu ouvia o som a quarteirões de distância ao
voltar a pé da escola para casa quando estava no curso fundamental.
Se alguém me perguntasse, eu certamente diria que meu irmão era o
melhor trompista de todos os tempos.
Contudo, o fato de ele tocar constantemente
às vezes me deixava constrangida,
e em certa ocasião pedi a minha
mãe que o fizesse parar. Ele até levava a trompa para as viagens de férias!
Anos depois, eu e meu irmão participamos de um concurso de música
no norte da Califórnia, no campus
de uma grande universidade que eu
jamais visitara antes. Durante nossaestada lá, o madrigal de minha classe
ficou em primeiro lugar e, por isso, faríamos uma nova apresentação no
fim do dia. Foi-nos anunciado o local e o horário, e em seguida nos dispersamos.
Logo me encontrei sozinha,
no meio do campus, olhando para
todos aqueles prédios altos. Não vi nenhum conhecido, mas lembrei-me
das instruções de minha mãe caso me perdesse. “Fique onde está.”
Assim fiz, mas era tímida demais para pedir informações; além disso, nem sequer sabia para onde eu
deveria ir. Não recordava nada do que nos fora dito sobre o local e o
horário de nossa apresentação. Contudo, veio-me repentinamente a ideia
de pedir auxílio ao Pai Celestial. Eu não era membro da Igreja naquela
época, mas frequentava a Igreja regularmente
com meus amigos SUD e aprendera que o Pai Celestial respondia às orações.
Assim, fiquei onde estava e fiz
uma oração silenciosa no coração.
Antes mesmo de dizer “amém”, ouvi
algo que me chamou a atenção.
Ao longe, bem baixinho, ouvi um som conhecido — um som que eu ouvira praticamente a vida inteira.
Quando comecei a andar na direção da música, ela foi ficando mais forte.
Será que era a trompa de meu irmão?
Eu tinha certeza de que era.
Mas logo em seguida outras
trompas começaram a tocar. Fiquei em dúvida. Será que eu conseguiria
mesmo distinguir qual daquelas
trompas era a do meu irmão? Porém, a cada vez que eu hesitava, eu ouvia
a trompa dele, como se estivesseme chamando. Depois de entrar no
prédio, subir as escadas e me aproximar
da música, fiquei com medo. A ideia de abrir a porta errada e deparar-me com um desconhecido me deixava envergonhada. Quando cheguei
ao terceiro andar, fiquei ouvindo por
mais alguns instantes, tomei minha
decisão, respirei fundo e abri a porta.
E lá estava ele!
O Pai Celestial nos concede Seu Espírito para ensinar-nos, testificar
para nós, proteger-nos e guiar-nos em segurança quando nos sentimos
sozinhos e abandonados. Aprendemos a reconhecer Sua voz quando
a ouvimos com frequência, e ela se torna tão familiar que a distinguimos
mesmo em meio a muitas outras vozes que poderiam nos desencaminhar.
Não devemos ficar constrangidos por Sua voz nem relutar em
segui-la. Se pedirmos ajuda ao Pai Celestial e depois nos dispusermos
a ouvir, prontos a obedecer, sei
que O ouviremos. ◼

Sandy Lauderdale Cane,
Missouri, EUA
 
A Liahona, Agosto 2010
http://www.lds.org/churchmagazines/LI_2010_08___09288_059_000.pdf

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